O Sermão da Montanha do nosso Salvador é extraordinário pelo fato de que engloba
todo o Evangelho e resume tudo o que é de mais importante para o cristão, o que
ele deve saber e fazer. O sermão da Montanha ao que parece foi registrado na
sua integridade pelo evangelista Mateus no sexto e sétimo capítulo do seu
Evangelho e o evangelista Lucas cita apenas algumas partes dele no sexto
capítulo do seu Evangelho. Nosso Senhor pregou o sermão em cima de um monte
localizado na costa norte do mar da Galiléia, perto da cidade de Cafarnaum, no
primeiro ano da Sua pregação pública.
O
Sermão se inicia com as nove Bem-Aventuranças, que contém a Lei do Novo
Testamento do renascimento espiritual. Em seguida fala sobre a influência
positiva dos cristãos na sociedade e afirma que os ensinamentos de Cristo ao
invés de abolir, complementam os dez Mandamentos do Antigo Testamento. Aqui
Nosso Senhor nos ensina como vencer a ira, ser casto, manter a nossa palavra
quando é empenhada, perdoar a todos, amar mesmo aos nossos inimigos e
empenhar-se pelo aperfeiçoamento espiritual.
Na
parte seguinte do Seu Sermão, o Salvador aponta a necessidade de aspirar à
verdadeira retidão, que, ao contrário da ostensiva retidão dos judeus, está no
coração dos homens. Como exemplo, o Senhor explica como se deve dar ao pobre,
rezar e jejuar para agradar a Deus. Mais além Ele nos ensina a não sermos
avarentos e confiarmos em Deus.
Na
última parte do Sermão da Montanha o Senhor nos ensina a não julgar os outros,
salvaguardar o que é sagrado da profanação e ser constante nas boas ações.
Finalmente, o Senhor nos mostra a diferença entre o caminho largo e o caminho
estreito, nos adverte contra os falsos profetas e nos explica como devemos nos
fortalecer ao depararmos com as inevitáveis dificuldades da vida.
Nosso
Senhor Jesus Cristo caracterizou o ensinamento que trouxe ao povo nas seguintes
palavras: "O Céu e a terra passarão mas as Minhas palavras de forma
nenhuma passarão". De fato, o
Sermão da Montanha nos dá a eterna verdade celestial, que é perene e que é
igualmente aplicável a povos de qualquer raça e qualquer cultura. As condições
de vida e os conceitos de moralidade das pessoas mudam no decorrer dos tempos
mas as Leis de Deus são imutáveis. Por isso é que nós Cristãos, ao
empenharmo-nos pela imortalidade do espírito antes de qualquer coisa, temos que
aceitar as leis eternas do bem, que estão no Sermão da Montanha, e a partir daí
construir nossas vidas de acordo com as mesmas.
As
Bem-Aventuranças são o Caminho para o Céu
O Sermão se inicia com as Nove Bem-Aventuranças, que completam os Dez Mandamentos
do Antigo Testamento entregues a Moisés no Monte Sinai. Os Mandamentos do
Antigo Testamento determinam o que é proibido fazer e dão um tom de severidade.
Os Mandamentos do Novo Testamento, entretanto, apontam o que é necessário
ser feito e são impregnados de amor. Os antigos Dez Mandamentos
foram escritos em tábuas de pedra e assimilados por meio de estudos. Ao
contrario destes, os mandamentos do Novo Testamento foram escritos pelo
Espírito Santo nas tábuas do coração dos que acreditam. Aqui está o texto
destes perenes mandamentos:
"Vendo Jesus as
multidões, subiu ao monte, e como se assentasse, aproximaram-se os seus
discípulos; e Ele passou a ensiná-los, dizendo: Bem-aventurados os pobres de
espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os
pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos insultarem e vos perseguirem
e, mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de mim.Alegrai-vos e
exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus; pois assim perseguiram
aos profetas que existiram antes de vós" (Mateus 5:1-12).
O
fato extraordinário sobre as Bem-aventuranças é que cada uma delas começa com a
palavra Bem-aventurados. Os mandamentos do Antigo Testamento agem com
proibição de certas coisas e ameaçam com castigo enquanto que as
Bem-aventuranças encorajam com o bem, convidam à mais alta e infinita
alegria junto a Deus.
Desde
o tempo que sucumbiu ao pecado de nossos ancestrais, as pessoas perderam a
noção da verdadeira felicidade e até a correta noção do que ela é. O verdadeiro
sentido da palavra "felicidade" começa a soar como um sonho inacessível
ou ideal inatingível. Porém, Nosso Senhor Jesus Cristo oferece-nos a
felicidade, numa realidade específica e acessível. E essa promessa
aplica-se não somente à vida futura nos Céus, mas nesta realidade aqui mesmo,
quando a pessoa se liberta do fardo do pecado, ganha paz em sua consciência e
torna-se capaz de receber a graça do Espírito Santo. É o Espírito Santo que nos
dá essa inexplicável alegria que não pode ser comparada com nenhum prazer
terreno. Ao lermos sobre as vidas de santos nós percebemos que os autênticos
cristãos, no esforço de preservar e fortificar a graça de Deus em suas vidas
estavam prontos para sacrificar-se em qualquer situação.
Ao
adentrarmos no sentido profundo do significado das Bem-aventuranças, torna-se
evidente que elas se formam em determinada seqüência. Elas mostram o caminho da
real felicidade e explicam como seguir este caminho. Elas podem ser comparadas
a uma escada celeste ou a uma sólida edificação das virtudes.
O
ponto inicial das Bem-aventuranças é o fato de que qualquer pessoa sem exceção
é atormentada pelo pecado e como resultado, fica sentindo-se desamparada e
miserável. A tragédia do pecado original de Adão e Eva é a tragédia de toda a
humanidade. O pecado anuvia a mente, enfraquece e escraviza a vontade e enche o
coração de desgosto e desespero. Por isso é que todo pecador, sente-se infeliz,
miserável, sem saber exatamente porque. Pelo seu sofrimento ele está pronto a
culpar toda a humanidade e as condições de vida. O primeiro mandamento faz o diagnóstico
certo: a causa da infelicidade das pessoas é a sua doença espiritual.
Nosso
Senhor Jesus Cristo veio ao mundo para curar as pessoas. Ele chama todos à Deus
e à entrar em Seu
Eterno Reino para a eterna felicidade. O chamado de Cristo
soa como a voz do Pai que ama, pedindo ao filho perdido a voltar para casa. E
quando um homem retorna a Deus, ele não carrega uma bagagem de virtudes ou vem
acumulado de talentos, ao invés disso, ele volta como o filho pródigo que
gastou os bens de seu pai.
A
primeira bem-aventurança chama o homem para que ele entenda sua doença
espiritual e assim se dirija a Deus para pedir ajuda. Esse primeiro passo é
extremamente difícil. Não é fácil ao "filho pródigo" a voltar aos
seus sentidos, admitir sua falta e deficiência e voltar atrás. É por isso que é
prometida uma grande recompensa somente por este esforço da sua vontade e
cumprimento deste bom início: "Bem-aventurados os que são pobres de
espírito, porque deles é o Reino dos Céus." É
extraordinário que da mesma forma que aconteceu a queda do homem no pecado
através do orgulho (serão como deuses) a recuperação desse pecado começa com o
humilde reconhecimento de sua debilidade.
Pobreza
espiritual não é a escassez financeira ou inabilidade emocional. Pelo
contrário, os pobres de espírito podem muito bem ser ricos e talentosos.
Pobreza espiritual é uma maneira humilde de conduzir o pensamento, é o
que resulta do reconhecimento da própria imperfeição. Entretanto, humildade
cristã não é desespero e tampouco pessimismo. Pelo contrário, é uma intensa
esperança na misericórdia de Deus e na real possibilidade de tornar-se melhor.
Ela está imbuída de alegre expectativa de que, com a ajuda de Deus, nos tornaremos
Seus filhos virtuosos que O agradam.
O
reconhecimento da própria miséria (fraqueza) e o estado de pecado daquele que
crê se manifesta no estado de espírito penitente, se assumindo pelas
culpas passadas e a intenção de corrigir-se. Um arrependimento sincero não raro
acompanhado de lágrimas, é provido de poderosa graça. Ao passar por isso a
pessoa sente tanta leveza, como se um pesado fardo lhe fosse tirado dos seus
ombros. Esse sincero arrependimento nos direciona à segunda bem-aventurança: "Bem
aventurados os que choram, porque serão consolados."
Quando
purificamos nossa consciência dos pecados, a harmonia e ordem se aninham no
nosso interior e preenchem nosso pensamento, nossos sentidos e nossos desejos.
Então uma sensação de apaziguamento e serena alegria tomam o lugar da irritação
e da ira. Uma pessoa em tal estado de espírito não sente vontade de brigar com
ninguém. Ela prefere perder uma pequena causa do que perder a paz de espírito.
Assim, o arrependimento leva o cristão ao terceiro passo em direção à retidão -
a humildade: "Bem-aventurados os mansos porque eles herdarão a terra."
Certamente
as pessoas maliciosas às vezes usam essa humildade dos cristãos para seu
próprio proveito, enganando, roubando ou humilhando. Deus conforta os cristãos
dizendo que na vida futura ganharão muito mais do que perdem aqui. Se não for
nesta vida, então na vida futura a justiça triunfará e os mansos herdarão a
terra, o que significa que herdarão todas as bênçãos do mundo renovado onde
habitará a verdade.
Por
isso, as três primeiras bem-aventuranças que chamam o povo a se voltar
humildemente à Deus em estado de arrependimento e humildade são o alicerce no
qual a casa da virtude cristã deverá ser construída.
Da
mesma forma que a volta do apetite num doente significa que ele está se
recuperando, o desejo para a retidão é o primeiro sinal de recuperação do
pecador. Enquanto ele vive em pecado o homem tem sede de prosperidade,
dinheiro, reconhecimento e prazeres corporais. Ele nem cogita sobre
enriquecimento da alma e até demonstra desprezo pela idéia. Mas quando sua alma
está livre da doença do pecado então o homem começa a desejar ardentemente a
perfeição espiritual. A quarta bem-aventurança fala sobre essa aspiração à
retidão: "Bem-aventurados os que tem fome e sêde por justiça, porque
serão saciados."
O
desejo para se tornar reto, ou justo, poderá ser comparado com a próxima etapa
da construção da casa da virtude - a construção das paredes. Ao usar as
palavras fome e sede o Senhor nos mostra que o nosso anseio à retidão não deverá
ser inerte e passivo; pelo contrário, deverá ser ativo e vigoroso. Afinal, um
homem faminto não só pensa na comida, mas também faz tudo para saciar a fome.
De acordo com o Sermão da Montanha, somente um desejo ardente almejando a
virtude fará um virtuoso a se saciar.
Subindo
ao quarto degrau da virtude o homem já ganhou uma certa experiência espiritual.
Tendo recebido o perdão de Deus, tendo recebido a paz de espírito e a alegria
de ser adotado filho de Deus o cristão agora nesta etapa já experimentou o Seu
infinito amor. E o amor divino lhe aquece o coração que responde com amor a
Deus e compaixão ao semelhante. Em outras palavras, ele se torna bondoso e
compassivo e dessa forma sobe ao quinto degrau da virtude - a misericórdia:
"Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia."
A
bem-aventurança da misericórdia é muito rica em significados. A
misericórdia deverá se expressar não somente em auxílio material, mas também
pelo perdão às ofensas, visita aos doentes, conforto aos aflitos, bons
conselhos, palavras de apoio, orações pelos seus semelhantes e muitas outras
ações. Literalmente todo dia temos oportunidades de ajudar o próximo. A maior
parte são pequenos e aparentemente insignificantes incidentes que passam
despercebidos. Mas a sabedoria espiritual de um cristão está na capacidade de
não desprezar pequenas boas ações pela grande causa da almejada realização
futura.
Os
grandes planos muitas vezes não são realizados enquanto que as pequenas boas
ações em grandes quantidades se armazenam ao longo da vida formando um
significativo patrimônio espiritual.
Esse
tipo de amor dinâmico purifica o coração do egoísmo e traz o homem mais próximo
a Deus, isso de forma tão forte que sua alma se transfigura sob a influencia da
luz espiritual. A pessoa começa a sentir no ar a graça divina, e mesmo ainda na
vida terrena já percebe Sua presença através dos olhos de seu espírito. Assim,
a alma humana se assemelha a um lago, que depois de muitos anos de negligência
ficou turvo e cheio de algas, mas quando limpo, a luz do sol penetra em suas
águas cristalinas. As pessoas que alcançaram tal pureza da alma são o tema da
sexta bem-aventurança: "Bem-aventurados os puros de
coração porque verão a Deus." Exemplos de tal pureza
espiritual que levam à clarividência podem ser encontrados nas vidas várias
pessoas que dedicaram suas vidas em auxílio ao próximo.
Deus
faz destes homens o instrumento de Sua Providencia para a salvação das pessoas
e para este propósito abençoa-os com a sabedoria e alta sensibilidade espiritual.
No processo missionário de mostrar o caminho da salvação esses santos homens se
assemelham ao Filho de Deus, que veio ao nosso mundo para reconciliar os
pecadores com Deus. Essa pacificação espiritual é a idéia central da sétima
bem-aventurança: "Bem-aventurados os pacificadores porque serão
chamados filhos de Deus." É claro que todos devem procurar ser
pacificadores no seu meio familiar e com os amigos, mas a alta forma dessa
virtude requer um dom especial, que vem de Deus e que é dado a pessoas de
coração puro.
Ao
procurar ser semelhante ao Filho de Deus, fazendo o bem, o cristão também deve
estar apto para imitar a Sua paciência. As duas últimas bem-aventuranças falam
do triste fato de que o mundo imerso no pecado não suporta a retidão por muito tempo
e se rebela contra os que a tem: "Bem-aventurados os perseguidos por
causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando,
por minha causa, vos insultarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo
mal contra vós por causa de mim." Da mesma forma que a luz
faz dispersar a escuridão e mostra as coisas como elas são, as vidas virtuosas
dos verdadeiros cristãos evidenciam a crueldade moral dos maus. Essa é a razão
porque os pecadores odeiam os justos e querem se vingar por sentirem remorso na
sua consciência. Podemos ver esse ódio através da História: a história de Caim
e Abel e até a presente data, como por exemplo nas perseguições aos cristãos
nos países ateus.
As
pessoas que tem uma fé fraca receiam demonstrar a sua fé pois temem perseguição
por sua convicção religiosa. Mas os verdadeiros justos e mártires assumiram o
Cristo com alegria porque seus corações ardiam por amor a Deus. E até se
sentiam felizes pela honra de poder exercer a sua fé. Em dias de provação os
cristãos devem tomar o exemplo daqueles justos e consolar-se com as palavras de
Cristo que prometeu: "Regozijai-vos e exultai, porque é grande a
vossa recompensa nos céus," pois quanto mais forte é o amor
maior será a recompensa.
Resumindo
os comentários das últimas cinco bem-aventuranças podemos verificar que todas
elas apontam para o amor. A misericórdia que temos ao nosso semelhante é a
primeira forma desse amor. A pacificação espiritual é a forma superior de amor
que, para que seja bem sucedida requer pureza de coração e iluminação que vem
de Deus. Conservar a lealdade para Deus apesar de insultos e
perseguições e o desejo de oferecer a própria vida por amor a Cristo
representa a mais alta forma de amor a Deus. Portanto as últimas cinco
bem-aventuranças, que mostram ao cristão as mais perfeitas manifestações de
amor, desenham para ele o plano das arcadas superiores da catedral da virtude.
Ao
concluir, é preciso prevenir o cristão que almeja o amor, para que não esqueça
os alicerces sobre os quais se assentará o edifício da virtude: esses alicerces
são a humildade, a pureza de consciência e a modéstia (bem-aventurados os
mansos). Pois, se os alicerces espirituais se enfraquecem e racham o edifício
ruirá. Nosso Senhor fala sobre esse perigo na última parte de Seu Sermão. As
partes seguintes que abordaremos, podem ser vistas como o desenvolvimento dos
princípios espirituais dados a nós através das Bem-aventuranças.
Cristãos são a Luz do Mundo
"Vós sois o sal da
terra; ora, se o sal perder a sua força, como será ele salgado? Para nada mais
presta senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz
do mundo, Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se
acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas sobre o candeeiro, e
alumia a todos que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante
dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que
está nos céus"
(Mateus 5:13-16).
Ao
concluir as bem-aventuranças com a advertência sobre possíveis perseguições
pela fé, Cristo então diz: "Vós sois o sal da terra... vós sois a luz
do mundo," e assim mostra como são queridos para Ele e o quanto são
preciosos ao mundo os verdadeiros cristãos. No mundo antigo o sal era muito
caro e muitas vezes era usado no lugar do dinheiro. Na falta de refrigeração o
sal era usado na conservação dos alimentos. Os cristãos, como o sal, protegem a
sociedade da degeneração moral. Eles são a fonte de sua recuperação.
A
palavra "luz" no sentido literal se aplica a Jesus Cristo, Aquele que
ilumina toda a pessoa que vem a esse mundo. Mas os fiéis, como refletem a Sua
perfeição, podem também num determinado sentido serem chamados de luz ou os
raios do Sol. Isso não significa que eles devam exibir as suas ações. O fazer
as boas ações em segredo será discutido mais adiante neste Sermão. O ponto de
enfoque é que a vida virtuosa, como uma vela no candelabro ou uma cidade no
topo de uma montanha não poderá passar despercebida e tem um efeito benéfico
sobre a sociedade que rodeia. De fato, o bom exemplo dos cristãos fez o
alastramento da cristandade e o desaparecimento dos rudes costumes pagãos.
As
pessoas sempre valorizam alguém que conhece e gosta de seu trabalho. Qualquer
que seja a sua ocupação aquele que trabalha bem e honestamente, é sempre útil à
sociedade e é respeitado. Sob o mesmo enfoque espera-se de um cristão que leve
uma vida cristã e que seja um exemplo de altruísmo, honestidade, atitude
espiritual e amor. Por outro lado, nada pode ser mais triste do que um cristão
que apenas se satisfaz com interesses do mundo material e do corpo. Nosso
Senhor compara essa pessoa com o sal que perdeu a sua salinidade. Este sal não
servirá para nada, senão para se lançar fora e pisado.
Duas Medidas de Retidão: a antiga
e a nova
"Não penseis que
vim revogar a lei ou os profetas: não vim para revogar, vim para cumprir.
Porque em verdade vos digo: Até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um
til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um
destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será
considerado menor no reino dos céus, aquele porém, que os observar e ensinar,
esse será considerado grande no reino dos céus. Porque vos digo que, se a vossa
justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no
reino dos céus"
(Mateus 5:17-20).
A
próxima parte do Sermão da Montanha, encontrada no final do capítulo 5 dos
Evangelhos de acordo com São Mateus, trata da definição do amor verdadeiro.
Para maior clareza, Nosso Senhor compara os Seus ensinamentos com as opiniões
da religião judaica daquela época. Os judeus, acostumados a ouvir dos seus
professores sobre as discussões a respeito dos ritos e costumes talvez
imaginavam que Jesus Cristo estivesse pregando uma doutrina totalmente nova,
diferente da Lei de Moisés. Nosso Senhor Jesus Cristo nos explica na parte
seguinte do Sermão, que ele não ensina nada de novo mas revela o sentido mais
profundo dos mandamentos que o povo já conhece.
A
lei do Antigo Testamento desprovida do poder renovador da graça, não podia
ajudar o homem a se sobrepor ao ódio que estava alojado no seu espírito, ela se
preocupava principalmente com suas ações. Dessa forma, os mandamentos do Antigo
Testamento eram por sua natureza negativos: não mate, não cometa adultério, não
roube, não preste falso testemunho, etc. A Antiga Lei era impotente para
renovar a natureza espiritual no homem. A verdadeira noção de retidão era muito
simplificada naquele tempo. Um homem que não cometesse um crime sério e
evidente e que cumprisse os preceitos judaicos já era considerado justo. Os
escribas e fariseus costumavam fazer alarde sobre o seu meticuloso conhecimento
a respeito de todos os preceitos.
É
bem sabido que ao se cortar as folhas de uma erva daninha e deixando suas raízes,
em breve ela se alastrará novamente. Da mesma forma, as paixões pecaminosas
enquanto estão profundamente enraizadas dentro do homem o pecado é inevitável.
Nosso Senhor veio ao mundo para destruir as raízes do pecado na alma
humana e restaurar a imagem de Deus no homem. De acordo com o Novo Testamento,
uma obediência superficial e ostensiva das leis de Deus não é suficiente. Deus
espera um coração puro e impregnado de amor.
Nosso
Senhor disse aos Judeus: "Não penseis que vim revogar a Lei ou os
Profetas. Não vim revogar mas levá-los à perfeição" (Mateus
5:17). Então Nosso Senhor através de comparações mostra como é o verdadeiro
cumprimento da Lei. Ele nos fala sobre os mandamentos proibindo o assassinato e
o adultério, sobre a proibição estabelecida pela Lei sobre jurar, vingar-se e
odiar os inimigos e então Ele mostra a superioridade do perfeito amor Cristão. "Ouvistes
o que foi dito aos antepassados: Não matarás! pois quem matar será responsável em juízo. Mas Eu vos
digo: Quem tiver raiva de seu irmão será condenado em juízo; quem o chamar de
'imbecil' será responsável diante do tribunal superior e quem o chamar de
'excomungado' merecerá o castigo do fogo da geena" (Mateus
5:22).
O
sexto mandamento de Moisés proibia tirar a vida de alguém. Nosso Senhor aprofunda
o significado deste mandamento e chama a nossa atenção aos sentimentos maldosos
que impelem alguém a matar, tais como a cólera, a ira e o ódio. Os mesmos
sentimentos fazem as pessoas insultarem e humilharem alguém. Os cristãos devem
reprimir qualquer expressão de ira, para insultar ou humilhar alguém.
Afim
de desenraizar a ira de nossos corações o Senhor nos chama para uma rápida
reconciliação com aqueles que nos ofenderam: "Se estiveres para apresentar
a tua oferta ao pé do altar, e ali te lembrares de que teu irmão tem qualquer
coisa contra ti, larga tua oferta diante do altar, e vai primeiro
reconciliar-se com teu irmão. Então voltarás, para apresentar a tua oferta.
Faze depressa as pazes com teu adversário enquanto está a caminho com ele, para
que o adversário não te entregue ao juiz e o juiz à polícia, e então serás
lançado à cadeia. Eu vos declaro esta verdade: de lá não sairás enquanto não
pagares o último centavo" (Mateus 5:23-26).
Então
o Senhor vai ao sétimo mandamento do Antigo Testamento, que diz: "Não
cometerás adultério: "Todo aquele que olhar para uma mulher com mau
desejo já cometeu no seu coração adultério com ela" (Mateus 5:28) Em
outras palavras, os pecados de adultério e fornicação estão no coração das
pessoas e é por isso que os desejos pecaminosos devem ser rejeitados assim que
aparecem, antes que tenham a oportunidade de dominar a mente e a vontade.
O
Senhor conhecendo nossos corações sabe como é difícil para nós combater as
tentações da carne. Por isso é que Ele nos ensina a sermos determinados
e impiedosos para nós mesmos quando alguém nos tenta ao pecado. "Se o
teu olho direito te leva ao pecado, arranca-o e atira-o longe de ti, porque é
preferível que percas um dos teus membros, a ser todo o teu corpo atirado à
geena" (Mateus 5:29) É claro que é uma linguagem figurada. Estas
palavras poderiam ser colocadas de outra forma: Se alguma pessoa ou alguma
coisa tão preciosas quanto sua própria vista ou suas mãos irão tentá-lo então
você deverá se desfazer dessa coisa ou romper com essa pessoa que o leva à
tentação. É preferível perder um amigo do que perder a vida eterna.
Então
Nosso Senhor volta ao assunto da ira; especificamente ao tipo de paixão
legalizada entre os judeus - a vingança. Para se sobrepor a ela Nosso Senhor dá
ao cristão uma arma do amor dizendo:
"Ouvistes o que foi
dito: Olho por olho, e dente por dente. Mas eu vos digo, que não resistais ao
malvado. A quem te bater na face direita, apresenta também a outra. A quem
quiser fazer demanda contigo para tomar a tua túnica, deixa levar também o
manto. E se alguém te forçar a dar mil passos, anda com ele dois mil. A quem
quer de ti um empréstimo, não lhe dês as costas. Ouvistes o que foi dito:
Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Mas eu vos digo: Amai os vossos
inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem; deste modo vos mostrareis
filhos do vosso Pai que está nos céus, porque faz raiar o sol sobre os bons e
os maus, e chover sobre os justos e os injustos. Pois, se amais somente aqueles
que vos amam, que recompensa tereis? Acaso os desprezados cobradores de
impostos não fazem também assim e, se cumprimentardes somente a vossos irmãos,
que fareis de especial? Acaso os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sede
perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito" (Mateus 5:38-48).
Na
verdade, ao permitir a vingança, a lei do Antigo Testamento se limitava. Quando
uma pessoa intencionalmente ou acidentalmente causava dano físico à outra, a
lei não permitia a vítima a agir de forma descontrolada para se proteger. A lei
tentava igualar os lados - olho por olho dente por dente. Nos tempos de Moisés
as restrições de vingança tinham muita importância porque de outra forma seriam
ultrapassados todos os imagináveis limites e uma pessoa que tivesse causado
dano acidentalmente estaria em perigo de sofrer uma irada vingança. Entretanto
ao limitar-se a vingança não se resolvia o problema principal de acabar com a
hostilidade entre as pessoas.
Nosso
Senhor nos mostra o caminho de como se livrar dos sentimentos vingativos desde
o seu início. Para isso Ele ordena que perdoemos aqueles que tenham nos
ofendido e não briguemos com outros: "Não se oponha a um homem mau
mas se alguém bate na sua face direita, dê a outra face também." Da
mesma forma que o fogo não pode ser extinto com fogo, o rancor não pode ser
aplacado pela vingança. A única arma contra o mal é o amor. Talvez o nosso
próximo esteja lento para se refazer ao ver nossa compassividade, mas o
objetivo principal estará alcançado, o mal não tomará conta de nós. Fizemos uma
concessão fisicamente, mas ganhamos espiritualmente e devemos dar graças a Deus
à Sua eterna vitória.
Entretanto,
ao dizer-nos para não se opor ao mal, Cristo não ensina a acatar o mal. O
Senhor proíbe-nos de vingar nossas ofensas pessoais, mas quando ocorre uma
óbvia violação das leis de Deus e, especificamente, quando traz junto uma
tentação ao pecado, então Deus ordena que combatamos o mal, dizendo: "Se teu irmão pecar contra ti, vai
procurá-lo e o repreende a sós. Se ele te escutar, terás ganho teu irmão. Mas,
se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas para que, sob a palavra de
duas ou três testemunhas, seja decidida toda a questão. Se também não quiser
escutá-las, expõe o caso à Igreja. E, se não quiser escutar nem mesmo a Igreja,
considera-o como um pagão e um desprezado cobrador de impostos" (Mat. 18:15-17). Isso significa
que devemos tentar trazer o pecador à razão. Mas se ele se torna tão teimoso em
seu pecado que não ouve ao ser implorado devemos interromper qualquer
relacionamento com ele.
Concluindo
esse ensinamento sobre como vencer a inimizade e a vingança, o Senhor nos
mostra a essência da mais superior forma de amor. A lei do Antigo Testamento
não estava desprovida da noção de amor, mas restringia-se aos membros da
família e pessoas muito próximas (Lev. 19-17-18). Os escribas maldosamente
acrescentavam ao mandamento amar o próximo e odiar o que não é próximo,
principalmente o inimigo. Nosso Senhor explica que o amor ao próximo é tão
elementar que até os pecadores são capazes para tanto. Do cristão espera-se
mais perfeição e Deus nos diz: "Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu
próximo e odiarás o teu inimigo. Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos e,
rezai por aqueles que vos perseguem; deste modo vos mostrareis filhos do vosso
Pai que está nos céus, porque faz raiar o sol sobre os bons e os maus, e chover
sobre os justos e os injustos" (Mat. 5:43-45).
Portanto,
pregando sobre a iminência de todos os tipos de ódio, o Senhor gradativamente
eleva os pensamentos do povo a um nível cada vez mais alto, trazendo mais
próximo à imitação do infinito amor do Pai Celeste. O amor é expresso por
diversas formas. A mais simples é conter a raiva que temos em relação aos
outros, vencer o desejo de revidar e fazer um esforço para perdoar o ofensor.
Uma elevada forma de amor é a capacidade de humildemente aceitar transtornos
causados por outros e ajudar aqueles que desgostamos. Finalmente, ter pena dos
inimigos, amá-los, rezando por eles e desejar o bem a eles são a mais alta
forma de amor. Um exemplo de tanto amor foi dado pelo próprio Jesus Cristo
quando na Cruz Ele humildemente orou pelos Seus algozes.
Assim,
no Seu Sermão da Montanha o Senhor leva aos cristãos a mais alta forma da
virtude: "Portanto, sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito"
(Mat. 5:48) Tornando-nos como o nosso Pai Celeste - é o objetivo mais alto de
todo o Cristão. Entretanto ao tentar cumprir isso o cristão deverá ter em mente
que ele se aproxima da perfeição não pelo seu próprio esforço, mas
principalmente com a ajuda da graça do Espírito Santo.
Harmonia entre o Espírito e o Mundo Exterior
"Evitai praticar
vossas boas obras diante dos homens para serdes notados por eles, porque assim
não tereis recompensa da parte de vosso Pai que está nos céus. Quando,
portanto, deres esmolas, não faças tocar a trombeta diante de ti, com procedem
os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, com o fim de serem aplaudidos pelos
homens. Eu vos declaro esta verdade: já receberam a sua recompensa. Mas, quando
deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz a direita, para que a tua
esmola fique oculta. O Pai, que vê a ação oculta, te recompensará. E quando
rezardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar com ostentação na
sinagogas e nas encruzilhadas, para aparecerem diante dos homens. Eu vos declaro
esta verdade: já receberam a sua recompensa. Mas, fecha a porta, e reza a teu
Pai que está presente até em lugar oculto. E teu Pai, que vê o que fazes
ocultamente, te dará a recompensa. Quando rezardes, não multipliqueis as
palavras como fazem os pagãos: pensam que, devido à força de muitas palavras, é
que são atendidos. Não sejais semelhantes a eles: porque o vosso Pai sabe do
que precisais, antes de fazerdes o pedido" (Mateus 6:1-8).
Nosso
Senhor quer que façamos o bem desinteressadamente, para agradar o Senhor e para
ajudar os outros, e não para o nosso proveito ou honra. Nosso Senhor quer que
as nossas intenções sejam tão puras quanto as palavras e as ações. No tempo em que Cristo viveu na
terra, a virtude era altamente honrada e os judeus tinham o hábito de
competir entre si, quem rezava por mais tempo e com mais freqüência e quem
jejuava mais rigorosamente e quem dava esmolas mais generosas. Através dessas
rivalidades na exibição de boas ações, os escribas e fariseus principalmente,
procuravam ganhar honrarias. Essa forma interesseira de encarar a religião
tornava-os hipócritas e santimônios. Das boas ações só restava a aparência, uma
casca sem nenhum conteúdo. O Senhor alerta seus seguidores sobre a falsa
devoção com o propósito de honras, e chama-os para agradar a Deus de coração
puro.
Dando
exemplos de boas ações, o Senhor nos ensina como rezar e como dar aos pobres de
forma que essas boas ações sejam aceitas por Deus. "Evitai praticar
vossas boas obras diante dos homens para serdes notados por eles, porque assim
não tereis recompensa da parte de vosso Pai que está nos céus" (Mat.
6:1). Nestas e em outras palavras similares, o Senhor chama a nossa atenção
para a intenção com a qual iniciamos uma boa ação. Uma boa ação feita em
segredo, que não tenha propósito de mostrar aos outros, mas que seja para Deus,
merece uma recompensa Dele. Entretanto, é preciso observar que rezar em segredo
não invalida é claro a oração coletiva, pois Nosso Senhor nos chamou para a
oração coletiva ao dizer: "Porque onde estão duas ou três reunidos em
meu nome, eu estou lá entre eles" (Mateus 18:20).
O
mandamento para evitar palavras supérfluas nos ensina a não ver uma oração como
uma fórmula mágica cujo sucesso depende da quantidade de palavras. O poder da
oração está na sinceridade e na fé com as quais a pessoa se eleva à
Deus. No entanto uma oração longa não é proibida: pelo contrário, ela encoraja,
pois quanto mais a pessoa reza mais tempo estará com Deus. Nosso Senhor Jesus
Cristo, Ele próprio, constantemente passava noites inteiras em oração.
É
necessário mencionar que, mais adiante Nosso Senhor nos fala sobre o jejum,com
a mesma frequência que Ele falou da oração e de dar aos pobres. Portanto, é
necessário jejuar. Lamentavelmente hoje em dia os cristãos negligenciam a abstinência
para satisfazer a carne que é submissa ao pecado. Essas pessoas costumam se
justificar dizendo: "Não é o que entra pela boca que nos torna o homem
impuro; mas pelo contrário, aquilo que sai da sua boca " (Mat. 15:11),
Entretanto, é impossível aperfeiçoar o seu coração sem domar o seu estômago e o
desejo da carne. É por isso que as outras virtudes como a oração e a compaixão
não poderão se manifestar por inteiro sem o esforço pela abstinência.
Certamente
que nossas condições de vida hoje são diferentes assim como os parâmetros
morais da nossa sociedade contemporânea. É duvidoso que uma pessoa seja
elogiada por jejuar e rezar, provavelmente as pessoas irão debochar ou chamá-lo
de idiota. É por isso que um cristão se vê obrigado a ocultar suas virtudes mesmo
contra a sua vontade. Mas isso não significa que a hipocrisia não existe,
apenas mudou de forma. Hoje ela poderá aparecer como boa educação e lisonjas
não sinceras. Muitas vezes o desprezo e a raiva são encobertos por sorrisos e
palavras simpáticas; aqueles que o elogiam na sua frente podem estar o
difamando pelas costas. Então a benevolência cristã e o amor se transformam em
lastimável aparência. É a mesma hipocrisia com outras vestes. Portanto o Sermão
de Nosso Senhor sobre a falta de sinceridade está direcionado a todas as formas
de hipocrisia, antigas e novas.
A Oração do Senhor (O Pai Nosso)
"Pai Nosso que
estás nos Céus, santificado seja o Teu Nome, venha a nós o Teu Reino seja feita
a Tua vontade assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dá hoje e
perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; e
não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do maligno" (Mat. 6:9-13).
Ensinando-nos
a não sermos supérfluos Nosso Senhor nos dá um exemplo de oração que
frequentemente é chamada de oração do Senhor (O Pai Nosso). Essa oração é
extraordinária porque em algumas palavras ela abrange os assuntos principais do
que é espiritual e também material, necessários a todo o ser humano. Além do
mais, a Oração do Senhor separa as preocupações mais importantes das que são
menos importantes, mostrando-nos quais deverão ser as nossas prioridades.
Pai
Nosso que estás nos Céus:
Dirigindo a Deus com as palavras "Pai nosso " nos faz lembrar que Ele
é o Nosso Pai, que nos ama, que sempre quer o melhor para nós. Nós
dizemos Céus: uma palavra que faz mudar o rumo de nossos pensamentos, do
caos dos afazeres cotidianos em direção ao lar eterno ao qual nossas aspirações
devem ser dirigidas em todos os dias da nossa vida terrena. É importante notar
sobre a Oração do Senhor é o fato de que todas as petições a Deus estão no
plural. Isso significa que oramos a Deus não somente por nós mesmos, mas por
todos que tem uma relação conosco seja de sangue ou religião e até um certo
grau por toda a humanidade. É um lembrete para nós de que somos todos irmãos e
irmãs - filhos do nosso Pai Celeste.
Santificado
seja o Teu Nome.
Neste primeiro apelo expressamos nosso desejo de que o nome de Deus seja honrado
e glorificado por nós mesmos e por todas as pessoas, e a verdadeira fé e
piedade estendida pelo mundo todo. O segundo apelo complementa o primeiro: Venha
a nós o Teu Reino. Aqui nós pedimos a Deus que Ele seja o regente dos
nossos corações. Queremos que Sua lei governe nossos pensamentos e ações e que
Sua graça santifique nossas almas. O Reino de Deus está vedado aos nossos olhos
durante a nossa temporária existência na terra: ele está em processo de nascer
nas almas dos cristãos. Mas virá o tempo quando as almas e os corpos renovados
daqueles que tem o Reino de Deus dentro de si terão passagem ao Reino de Sua
eterna glória. Nenhuma riqueza ou prazer terreno podem ser comparados com a
felicidade do Reino Celeste, onde habitam espíritos superiores. É por isso que
almas virtuosas ficam extenuadas nesse mundo e anseiam alcançar o Reino
Celeste.
Muitos
interesses e desejos, freqüentemente egoístas e pecaminosos, se confrontam
entre si nas relações humanas. Estes são fonte de conflitos, frustrações e
ofensas mútuas. Considerando a tamanha variedade de interesses de cada um não
podemos nos sentir satisfeitos porque nossas intenções e ações estão muitas
vezes erradas. A Oração do Senhor nos lembra que somente Deus sabe perfeitamente
o que na verdade precisamos e nos ensina a pedí-Lo a nos orientar e ajudar: assim
na terra como no céu.
Nas
três primeiras petições pedimos Deus o que é mais importante: o entranhamento
do bem nas nossas almas e nas nossas vidas. As petições que sucedem se referem
à necessidades mais banais e menos importantes: tudo que precisamos para a
nossa existência física. O pão nosso de cada nos dá hoje. No texto
original em grego o termo para "cada dia" é epi-usion, o que
significa necessário. Este pedido do pão de cada dia inclui o alimento, um
abrigo sobre as nossas cabeças, roupa e o que é necessário para a nossa
existência. Não especificamos tudo isso porque nosso Pai Celeste sabe o que
precisamos. E não pedimos nada para amanhã porque nem sabemos se estaremos
vivos.
O
próximo pedido, sobre perdoar as nossas dívidas, é o único pedido limitado por
uma condição: E perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos
nossos devedores. O sentido de dívidas é mais abrangente do que o sentido
de pecados. Temos muitos pecados, mas dívidas mais ainda. Deus nos deu vida
para que possamos fazer o bem aos outros e aumentar nossos talentos. Quando não
seguimos este propósito terreno, então como aquele escravo preguiçoso da
parábola, enterramos os nossos talentos e nos tornamos devedores a Deus. Ao
perceber isso pedimos a Deus para que nos perdoe. O Senhor conhece a nossa
fraqueza e falta de experiência e Ele se apieda de nós. Ele está pronto a
perdoar-nos mas com uma condição, que nós perdoemos todos que transgridem
contra nós. A parábola sobre o devedor impiedoso (Mateus 18:21-35) ilustra
expressivamente a relação entre perdoar dívidas e receber perdão de Deus.
Ao
final da Oração do Senhor dizemos: E não nos deixes cair em tentação, mas
livra-nos do malígno. A palavra malígno refere-se aos maus espíritos, que
são a fonte de todo o mal no mundo. Mas tentações podem vir de uma infinidade
de fontes: de outras pessoas, de circunstâncias de vida desfavoráveis e
principalmente de nossas próprias paixões. É por isso que no final da oração,
humildemente confessamos a Deus a nossa fraqueza espiritual e pedimos que nos
resguarde do pecado e nos proteja das intrigas dos maus espíritos.
Finalizamos
a Oração do Senhor com palavras que expressam nossa plena fé na Sua resposta
favorável às nossas petições porque Ele nos ama e tudo obedece à Sua onipotente
vontade: Porque é o Teu reino, e o poder e a glória para sempre. A
última palavra "Amém" significa "verdadeiramente" ou
"assim será."
Paixão
pela riqueza representa um sério obstáculo no caminho para a virtude. No Seu
sermão e nas parábolas, Nosso Senhor Jesus Cristo repetidamente nos alerta
contra a excessiva ligação aos bens materiais. No Sermão da Montanha Ele
claramente proíbe os cristãos dizendo:
"Não junteis para vós tesouros na
terra, onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões penetram para
roubar. Mas acumulai para vós tesouros no céu, onde nem traça nem ferrugem os
consomem, e onde os ladrões não penetram para roubar. Porque, onde estiver o
teu tesouro, ali estará também o teu coração. Os olhos são como uma lâmpada
para o corpo. Se, pois, teus olhos estão bons, todo o teu corpo estará na luz.
Mas se teus olhos estão doentes, todo o teu corpo estará em trevas. E se a luz que
está em ti são trevas, como serão grandes essas trevas! Ninguém pode servir a
dois patrões, porque odiará a um e amará ao outro, ou se afeiçoará ao primeiro
e desprezará o segundo. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro" (Mateus 6:19-24).
Estas
palavras, é claro, não se aplicam ao nosso emprego que nos provê o que
necessário para a família. Na verdade as pessoas são proibidas de se empenhar
em um esforço excessivo e penoso, almejando enriquecimento. As Escrituras nos
falam da necessidade do trabalho: "quem não quer trabalhar não
coma" (2 Tessalonicenses 3:10).
Para
desviar do excessivo apego a riquezas materiais Nosso Senhor nos lembra que
todas essas coisas são passageiras e deterioráveis: elas são destruídas
por corrosão, traças e por todos os tipos de acidentes; podem ser subtraídas
por pessoas más ou roubadas por ladrões; e finalmente, quando iremos morrer,
deixaremos tudo para trás. Por esse motivo, ao invés de usarmos toda a nossa
energia para acumular fortuna de curto prazo, devíamos nos preocupar na
aquisição de riquezas dentro de nós mesmos, que tem real valor e que
permanecerão conosco para sempre.
Essa
riqueza interior inclui os talentos da pessoa: habilidades intelectuais
e espirituais dadas pelo Criador para o desenvolvimento e aperfeiçoamento. Mas
em primeiro lugar, a riqueza espiritual consiste das virtudes da pessoa: fé,
coragem, auto controle, paciência, constância, confiança em Deus, compaixão,
magnanimidade, amor, etc. Estes tesouros espirituais deveriam ser adquiridos
por meio de uma vida justa e de boas ações. Os tesouros espirituais mais
valiosos são a pureza moral e santidade, que são dados a uma pessoa virtuosa
pelo Espírito Santo. As pessoas deveriam zelosamente pedir a Deus a dádiva
deste tesouro. E quando concedido, elas deveriam guardá-lo diligentemente
dentro de seus corações. No Sermão da Montanha o Senhor urge-nos a ganhar esta
versátil riqueza interior.
Da
mesma forma que um tesouro espiritual ilumina a alma de uma pessoa, as
preocupações exaustivas sobre prazeres provisórios obscurecem a mente,
enfraquecem a fé e preenchem a alma com confusão penosa. Ao falar sobre
isso de forma figurada, o Senhor comparou a mente da pessoa com o olho, que
deveria funcionar como um condutor de luz espiritual (Mateus 6:22).
Em
outras palavras, na medida que um problema na vista enfraquece a capacidade de
enxergar, a alma também, coberta por excessivas preocupações mundanas está
inabilitada a receber a luz espiritual e assim não compreende a natureza
espiritual dos eventos e o seu sentido ou propósito de vida. É por isso que uma
pessoa obcecada por dinheiro pode ser comparada com um homem cego. Nas Suas
parábolas sobre o homem rico e sobre o homem rico e Lázaro, O Senhor descreve
de maneira expressiva a degradação espiritual e a morte dos dois ricos que
provavelmente,não fosse o dinheiro, não seriam maus. (Lucas 12:13-21 - Lucas
16:14-31).
Entretanto,
talvez seja possível que o enriquecimento espiritual possa ser combinado com o
material? O Senhor nos explica que isso é impossível. É como servir a dois
patrões ao mesmo tempo Ninguém pode servir a dois patrões, porque odiará a
um e amará ao outro, ou se afeiçoará ao primeiro e desprezará o segundo. Não
podeis servir a Deus e a Mamon (personificação do dinheiro)" (Mateus
6:19-24). Nos tempos antigos Mamon era uma divindade pagã patrocinadora
das riquezas. Ao mencionar o nome desse ídolo o Senhor compara o caçador de
riquezas com um idólatra demonstrando assim a baixeza dessa paixão por
dinheiro. A história sobre o jovem rico nos mostra que um homem apegado à sua
riqueza não consegue se desfazer dela mesmo que desejasse sinceramente servir a
Deus. O apego à fortuna se sobrepõe a todas as boas intenções e ele confia mais
no seu dinheiro do que na ajuda que vem de cima. Por isso é dito: É importante
entender que a paixão pela riqueza não é pecado somente dos ricos mas de todos
aqueles que costumam sonhar com a riqueza e relacionam isso com a felicidade.
Concluindo essa parte do Sermão da Montanha, o Senhor explica que tudo o que
precisamos na vida ganhamos nem tanto pelo nosso próprio trabalho mas pela
graça de Deus, quem na qualidade de Pai generoso sempre cuida de seus filhos.
"Por isso vos digo:
não estejais preocupados, em relação à vossa vida, com o que haveis de comer (e
beber), nem em relação ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Porventura
não vale a vida mais que o alimento, e o corpo mais que a roupa? Olha as aves
que voam no céu: não semeiam o grão, nem colhem, nem acumulam a colheita nos
celeiros; pois o vosso Pai celeste lhes dá de comer. Acaso não valeis muito
mais do que elas? Quem dentre vós, à força de preocupações pode prolongar um
pouco mais a sua própria vida? E quanto à roupa, por que vos preocupais?
Observai como crescem as flores dos campos. Não se cansam em fiar para sua
roupagem. Mas eu vos digo que nem Salomão, em toda a sua glória jamais se
vestiu como uma delas. Sê, então, Deus assim reveste a planta que hoje está no
campo, mas amanhã é lançada ao fogo, quanto mais a vós, homens pobres de fé.
Portanto, não vos preocupeis dizendo: Que havemos de comer? Que havemos de
beber? Com que havemos de nos vestir? São os pagãos que se preocupam com todas
estas coisas. Ora, vosso Pai celeste bem sabe que precisais de tudo isto.
Portanto, acima de tudo tende todo o interesse pelo Reino e pela justiça de
Deus e todas estas coisas vos serão dadas a mais" (Mateus 6:25-33).
Com
certeza o dom da vida e o extraordinário mecanismo de nossos corpos, a terra
com seus recursos naturais, flores, frutos e diferentes colheitas, a luz solar
e o seu calor, o ar e a água, estações do ano e todas as condições físicas
necessárias à nossa existência - tudo isso é dado a nós pelo nosso generoso Criador.
É por isso que a maior parte dos animais, aves peixes e outras criaturas não se
esforçam tanto quanto as pessoas, mas apenas acumulam o alimento pronto. A
natureza também providencia a eles um abrigo.
Pessoas
com fé restrita deveriam aprender a confiar mais em Deus do que no seu próprio
poder. O Senhor não nos chama a ociosidade mas nos quer libertos de
preocupações que nos torturam e excessivos esforços para bens passageiros, a
fim de dar-nos uma oportunidade para cuidarmos de assuntos perenes. O Senhor
promete que se nós nos preocuparmos com a nossa salvação em primeiro lugar Ele
mesmo nos mandará todo o resto: "Portanto, acima de tudo tende todo o
interesse pelo Reino e pela justiça de Deus e todas estas coisas vos serão
dadas a mais".
Assim,
essa parte do Sermão da Montanha urge-nos a não sermos avarentos, mas estarmos
contentes com o necessário que temos e acima de tudo, a preocuparmos com a
riqueza espiritual e vida eterna.
Não julgar os Outros
Um
dos piores males e tentações do homem é o hábito de falar mal dos outros. O
Senhor é rigoroso ao proibir-nos de julgar:
"Não julgueis os
outros, para não serdes julgados; porque com o julgamento com que julgardes,
sereis julgados, e com a medida com que medirdes sereis medidos. Por que
reparas no cisco que entrou no olho de teu irmão, quando existe uma trave no
teu? Ou como é que dizes a teu irmão: Deixa-me tirar o cisco de teu olho,
quando existe uma trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e
então enxergarás bem para tirar o cisco do olho de teu irmão" (Mateus 7:1-5).
Sabemos
que o renascimento espiritual não vem por si mesmo. Ele requer uma constante
avaliação das nossas ações, pensamentos e sentimentos, e é baseado em nosso
auto aperfeiçoamento dinâmico. Uma pessoa que deseja sinceramente viver uma
vida cristã não pode se permitir ao desenvolvimento de maus pensamentos e
vontades pecaminosas que surgem do nada. Vencendo essas tentações interiores
nós sabemos de nossa experiência pessoal como é difícil e desgastante a batalha
com as nossas próprias deficiências, quanto esforço é necessário para tornar-se
virtuoso. É por isso que um verdadeiro cristão sempre se julga modesto,
considera-se um pecador, aflige-se com suas próprias imperfeições e pede a Deus
para perdoar seus pecados e ajudá-lo a melhorar. Homens verdadeiramente justos
sempre demonstram-nos que estão cientes de suas próprias imperfeições. É
natural que uma pessoa sinceramente empenhada no seu aperfeiçoamento não esteja
curiosa sobre os pecados dos outros e, ainda mais, não esteja prazerosa ao
fazê-los públicos.
Entretanto,
pessoas que tem conhecimento apenas superficial dos evangelhos e que não vivem
uma vida verdadeiramente cristã são muito apressados em enxergar erros dos
outros e tem prazer em falar mal deles. Fazer julgamentos é o primeiro sinal de
que na pessoa está faltando uma real vida espiritual. Esta situação torna-se
ainda pior quando o pecador apático em sua cegueira espiritual acha que está
ensinando os outros. O Senhor pergunta a este hipócrita: "como é que
dizes a teu irmão: Deixa-me tirar o cisco de teu olho, quando existe uma trave
no teu?" Esta trave pode ser entendida como falta de percepção
espiritual na pessoa que ousa julgar, o que seria um embrutecimento moral. Se
ele se preocupou em limpar sua consciência e portanto conhecia a dificuldade do
caminho da virtude, não ousaria a oferecer sua piedosa ajuda. Afinal de contas
não se espera ajuda de um doente para curar os outros!
Assim,
de acordo com as palavras do Senhor, a ausência de percepção espiritual é muito
pior que as outras deficiências, como uma trave é pior do que um cisco. Tal
cegueira espiritual caracterizou os líderes judaicos (os escribas e fariseus no
tempo do Salvador). Julgando todos impiedosamente eles consideravam a si mesmos
justos. Eles encontraram deficiências até no próprio Cristo e publicamente O
censuraram pela violação do Sábado e por partilhar uma refeição com os
coletores de impostos e pecadores! Eles não entendiam que o Senhor fazia isso pela
salvação dos homens. Os escribas e fariseus eram escrupulosos com cada detalhe
dos preceitos - os rituais de limpeza dos utensílios e móveis, o pagamento do
dízimo sobre a hortelã e o anis, e ao mesmo tempo, sem nenhum peso na
consciência enganava, odiavam e ofendiam pessoas (ref. Mateus cap. 23). Assim
eles chegaram a um engano, a uma ilusão tal que condenaram o Salvador do mundo
à morte na cruz e publicamente difamaram ou caluniaram a Sua ressurreição. Não
obstante eles continuavam a ir ao templo e a oferecer longas preces! Não é de
se surpreender que tanto naquele como agora e sempre, pessoas hipócritas
auto-complacentes sempre encontram motivos para julgar os outros.
O
apóstolo Tiago explica que somente Deus tem o direito de julgar. Ele é o
Legislador e Juiz. E todos nós sem exceção, pecadores que somos em graus
diferentes, somos julgados por Ele. Por isso é que uma pessoa que julga o seu
semelhante cristão, se apossa do direito de julgar e assim peca gravemente
(Tiago 4:11). O Senhor diz que quanto mais severamente julgamos os outros, mais
severamente seremos julgados por Deus.
O
hábito de julgar os outros tem raízes profundas na sociedade contemporânea. É
freqüente que a mais inocente conversação entre pessoas sobre um tema se
transforma em julgamento de pessoas conhecidas. É preciso lembrar que o pecado
é veneno para a alma. Da mesma forma que as pessoas que lidam com venenos
sempre se encontram em ambiente de periculosidade, sujeitos a tocar ou inalar
algum vapor, as pessoas que tem prazer em discutir os erros dos outros tocam o
veneno espiritualmente e acabam infectados. Assim, não é de se surpreender que
gradativamente acabam se impregnando da própria maldade que estão condenando.
São Marcos o Asceta assim pregou sobre esse tema: "Não queira ouvir sobre
os pecados dos outros porque ao ouvi-los os traços destes pecados ficam
impressos em nós." São Marcos aconselhava as pessoas de alta
espiritualidade a se solidarizar-se com aqueles que não alcançaram esse nível.
Esse partilhar e o entendimento, segundo ele, é necessário para a preservação
da integridade de sua própria saúde espiritual: "Aquele que possui o dom
espiritual e está solidário com aquele que não o tem, preserva seu próprio dom
por essa mesma solidariedade" (Filocália volume 1 - "Dobrotoliubie").
O
Senhor diz: " Não deis o que é santo aos cães, nem atireis vossas
pérolas aos porcos." Ao falar em cães e porcos o Senhor se refere a
pessoas que são depravadas moralmente,
vulgares e incapazes de aperfeiçoamento. Também não devemos partilhar com hipócritas
os nossos problemas pessoais e abrirmos o nosso coração senão eles, de acordo
com as palavras do Salvador, "senão eles (os cães e porcos) poderiam
pisá-las (as pérolas) e voltar-se contra vós, para vos fazer em pedaços" (Mateus
7:6). Portanto nesta parte do Sermão, o Senhor nos previne sobre os dois
extremos: ser indiferente ao mal e julgar os outros.
Sobre a perseverança e Confiança
em Deus
"Pedi e vos será
dado, procurai e achareis, batei na porta e ela se abrirá para vós. Porque todo
aquele que pede, recebe. O que procura, acha. A quem bate, ser abrirá a porta.
Quem de vós dará uma pedra ao filho que pede pão? Ou uma serpente ao que pede
um peixe? Se vós, então, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos,
quanto mais vosso Pai que está nos céus dará boas coisas aos que Lhe
pedirem!"
(Mateus 7:7-11).
Aqui
o Senhor fala sobre a perseverança na oração bem como nas boas ações. `As vezes
uma pessoa que tem boa intenção vai de um extremo a outro: no início se propõe
a fazer algo bom, mas no processo, se defronta com dificuldades, abandona a
intenção inicial e acaba não fazendo nada. A razão por essa inconstância é a auto-suficiência
e falta de experiência.
Com
certeza a maioria das pessoas é fraca e até certo grau inexperiente em viver uma
vida virtuosa. Mas não fazer nada é tão ruim quanto a se propor ao que está
acima de nossas forças. Para evitar tais extremos devemos pedir a Deus em
primeiro lugar o bom senso e depois a ajudar-nos, confiantes de que "todo
aquele pede, recebe, todo aquele que procura, alcança, e todo aquele que bate a
porta, a porta lhe será aberta." Para reforçar a nossa fé de que
receberemos o que pedimos, o Senhor nos dá o exemplo do nosso relacionamento
com os nossos filhos: "quem vos dará uma pedra ao filho que pede pão Se
vós então, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais
vosso Pai que está nos céus dará boas coisas aos que Lhe pedirem."
Para ilustrar como Deus atende nossos pedidos, Jesus Cristo falou a parábola
sobre o juiz injusto. O sentido da parábola está bem claro: se até o juiz
injusto atendeu o pedido da viúva, para que não mais voltasse a perturbá-lo,
tanto mais Deus misericordioso atenderá a nossa prece (Lucas 18:1-8).
São
Lucas o Evangelista, citando as palavras do Salvador sobre a perseverança na
oração, ao invés de "bem " usa a expressão 'Espírito Santo."
Talvez mais tarde na mesma conversação o Senhor explicou que a graça de Deus é
o benefício final que devemos almejar. Sem dúvida, o Espírito Santo é a fonte de
tudo que é de mais valioso e bom: consciência limpa, mente clara, fé poderosa,
entendimento do propósito de vida, estado de alerta, paz espiritual, alegria
celeste e especialmente a santidade que é o maior tesouro da alma.
Com
relação aos benefícios materiais e sucessos mundanos que disputamos, podemos
pedi-los a Deus. Mas devemos lembrar-nos de que são de significado secundário e
temporário. Como o Senhor aponta adiante, não devemos pedir coisas que nos dão
prazer e que são fáceis de ser alcançadas, mas coisas que nos levarão à
salvação: " Entrai pela
porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à
perdição, e muitos são os que tomam rumo por ele. Mas é estreita a porta e
apertado o caminho que conduz à vida, e como são poucos os que o encontram!"
(Mateus 7:13-14). O caminho espaçoso representa a vida cujo propósito é o
enriquecimento e prazeres carnais, enquanto que o caminho estreito é uma vida
de aprimoramento do coração e empenho de boas ações.
Ao
término desta parte do Sermão, o Senhor nos dá um mandamento, extraordinário em
termos de síntese e clareza, o que engloba todo o espectro de relações humanas:
"Portanto tudo o que quereis que os outros vos façam, fazei
o mesmo também vós a eles: nisso está a lei e os Profetas" (Mateus
7:12). Esse é o significado da lei de Deus e as escritas dos profetas.
Assim,
nesta parte de Seu Sermão, o Senhor nos ensina a escolher o caminho estreito na
nossa vida e, procurar fazer o bem a todos, com perseverança pedir a Deus
ajuda, entendimento e dons espirituais. Certamente Deus irá nos ajudar porque
Ele é o Pai que nos ama e a inexaurível fonte de todo o bem.
A
o final do sermão o Senhor nos adverte sobre os falsos profetas, comparando-os
com os lobos disfarçados de ovelhas. Os cães e os porcos sobre os quais o
Senhor acabou de falar não são tão perigosos quanto os falsos profetas, por sua
vida faltosa, óbvia e repulsiva. Os falsos professores por outro lado,
disfarçam mentiras mostrando como verdades e chamam suas próprias regras de
vida como lei de Deus. Devemos ser muito perspicazes e sábios afim de perceber
a ameaça espiritual que nos apresentam.
"Tomai cuidado com
os falsos profetas. São os que chegam perto de vós sob a aparência de ovelhas,
mas por dentro, de fato, são lobos vorazes. Pelos seus atos os haveis de
reconhecer. Será que se colhem uvas de espinheiros, ou figos das urtigas? Assim
a árvore boa é que produz bons frutos, enquanto a árvore má é a que produz maus
frutos. A árvore boa não pode produzir maus frutos, nem a árvore má, bons
frutos. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e atirada ao fogo.
Pelos atos desses tais, portanto, é que os reconhecereis. Nem todos os que
dizem: 'Senhor, Senhor ', entrarão no reino dos céus; mas sim os que fazem a
vontade do meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor,
Senhor,' não profetizamos em Teu nome? Não expulsamos demônios em Teu nome? Não
fizemos numerosos milagres em Teu nome' Então lhes declararei: 'Nunca vos
conheci! Afastai-vos de Mim, vós que praticais a iniqüidade!” (Mateus 7:15-23).
Essa
comparação dos falsos profetas com os lobos disfarçados de ovelhas foi muito
convincente aos judeus que ouviam Cristo, visto que através da história esse
povo passou por muitos sofrimentos de falsos profetas.
Confrontados
aos falsos profetas, as virtudes dos verdadeiros profetas eram expressivamente
óbvias. Os verdadeiros profetas não eram egoístas, obedeciam a Deus e sem temer
apontavam publicamente os pecados do povo. Se destacavam pela humildade, amor
ao próximo, atitude rigorosa em relação a si próprio e vida pura. Eles tinham
como propósito de vida encaminhar o povo para o Reino de Deus e representaram
as forças criativas e unificadoras nas vidas de seu povo. Mesmo que os
verdadeiros profetas também fossem rejeitados pela maioria do povo e
perseguidos pelas autoridades, as suas atividades fortaleciam a saúde da
sociedade, inspiravam os bons filhos do povo judeu a levar uma vida virtuosa e
geralmente os direcionavam para a glória de Deus. Tais bons frutos eram o
resultado de esforços de verdadeiros profetas, que eram admirados pelos judeus
fieis das gerações subseqüentes. Eles lembravam com gratidão estes profetas
como Moisés, Samuel, David, Elias, Eliseu, Isaias, Jeremias, Daniel e outros.
Os
pseudo profetas (havia também um grande número deles) tinham uma forma de agir
totalmente diferente e possuíam outras metas. Evitando a condenação do pecado,
habilidosamente bajulavam o povo, dessa forma assegurando sucesso para si
dentro da maioria da população e a graça das autoridades poderosas. Eles
acalentavam o povo com promessas de prosperidade que levava a decadência moral
da sociedade. Enquanto que os verdadeiros profetas faziam o possível para a
unidade e o bem do Reino de Deus, estes impostores procuravam fama e lucro
pessoal. Eles não hesitavam em difamar os verdadeiros profetas e
perseguiam-nos. A longo prazo as suas atividades contribuíram para arruinar o país.
Estes foram os frutos espirituais e sociais de seu trabalho. Mas a fácil fama
dos falsos profetas se tornou pó mais rapidamente do que os seus corpos
mortais, e as gerações vindouras relembravam com vergonha como seus ancestrais
se sucumbiram à fraude. (Em
suas Lamentações, o santo profeta Jeremias amargamente
reclama sobre os falsos profetas que arruinaram o povo judeu, veja Jeremias
4:13).
Muitos
pseudo profetas apareceram em tempos de decadência espiritual, quando Deus
enviou os verdadeiros profetas para encaminhar os judeus ao verdadeiro caminho.
Por exemplo, havia muitos deles pregando no período do 8º ao 6º século AC,
quando os reinos de Israel e Judéia estavam arruinados e mais tarde, logo antes
da destruição de Jerusalém nos anos 70 AD. De acordo com as profecias do
Salvador e os apóstolos, haverá muitos falsos profetas nos últimos tempos, e
alguns deles farão milagres inacreditáveis na natureza, falsos evidentemente ;
(Mateus 24:11-24; 2 Pedro 2:11; 2 Tessalonicenses, Revelação 19:20). Em tempos
do Novo Testamento, assim como nos tempos do Antigo Testamento, eles cortaram
os galhos da grande árvore do Reino de Deus ao desviar o povo da verdade e
espalhar a heresia. A abundância de várias seitas e denominações hoje em dia, é
sem dúvida, o resultado da atividade de falsos profetas contemporâneos. Todas
as seitas desaparecem mais cedo ou mais tarde e outras novas brotam no seu
lugar, mas somente a verdade de Cristo estará de pé até o final dos tempos. O
Senhor disse sobre o destino dos falsos ensinamentos: "Toda planta que
meu Pai celeste não tiver plantado será arrancada" (Mateus 15:13).
É
preciso esclarecer que não se pode generalizar. Sem dúvida existem muitas
pessoas que crêem sinceramente, que não são egoístas e gente decente pregando a
doutrina cristã. Elas pertencem a algumas ramificações da cristandade não por
sua escolha, mas pela herança. Falsos
profetas são fundadores de falsos ensinamentos. Outras pessoas que podem ser
consideradas falsos profetas são aqueles que "operam milagres" na TV,
exaltados exorcistas de demônios, conceituados pregadores que se nomeiam
"os eleitos de Deus" e todos aqueles que usam a religião como
instrumento de lucro pessoal.
No
Sermão da Montanha, o Senhor previne Seus discípulos contra os falsos profetas
e ensina-os a não confiar em sua aparência agradável e eloqüência, mas prestar
atenção aos resultados de suas atividades: " A árvore boa não pode
produzir maus frutos ". Maus frutos não são necessariamente os pecados
ou comportamento vergonhoso que os falsos profetas habilmente escondem. Os maus
frutos mais comuns são o orgulho e o rompimento das pessoas do Reino
de Deus.
Um
falso profeta não consegue esconder o seu orgulho do coração sensível de uma
pessoa religiosa. Eles podem mostrar qualquer virtude exceto uma que é a humildade.
O orgulho pode ser detectado nas palavras, gestos e olhares do falso profeta
como os dentes do lobo escondidos sob a pele de uma ovelha. Os falsos profetas
almejando a popularidade gostam de demonstrar que curam e exortam demônios para
chocar os ouvintes com ousados pensamentos e provocar admiração no público.
Estes shows sempre terminam em grandes ofertas de dinheiro. Que enorme
distância entre o fervor barato, a auto confiança e as imagens de humildade do
Salvador e Seus Apóstolos!
Adiante
o Senhor menciona as referências dos falsos profetas aos milagres que operam:
"Muitos me dirão
naquele dia: Senhor, Senhor não profetizamos nós em teu nome, e em teu nome
expelimos demônios, e em teu nome fizemos muitos milagres? De que milagres eles
estão falando? Pode um falso profeta operar milagres? Mas o Senhor dá ajuda de
acordo com a fé daqueles que pedem, não conforme o mérito daqueles que se
nomeiam operadores de milagres. Falsos profetas tomaram para si as coisas que o
Senhor fez por causa de Sua compaixão às pessoas. Talvez os impostores, no seu
entender, imaginaram que eles operaram milagres. De uma forma ou de outra, o
Senhor os rejeitará no Juízo Final ao dizer: Então, eu lhes direi bem alto:
Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que criais a iniqüidade."
Assim,
os falsos profetas enfraquecem as boas doutrinas, enganando ovelhas descuidadas.
Mas os filhos fiéis não devem se intimidar diante da aparência fraca ou
despovoada, pois o Senhor prefere menos gente e aqueles que preservam a verdade do que uma
multidão desorientada. "Não temas, ó pequenino rebanho, porque foi do
agrado do vosso Pai dar-vos o reino." E Ele promete aos fiéis a
Sua Divina proteção contra os lobos espirituais, ao dizer: "Eu lhes dou
a vida eterna: por isso nunca morrerão e ninguém as arrebatará de minha
mão" (Lucas 12:32, João 10:28).
O Senhor
conclui o Seu Sermão da Montanha comparando a vida com a construção da casa.
Ele mostra como uma vida virtuosa ajuda as pessoas a suportar as inevitáveis
provações da vida enquanto que uma vida descuidada enfraquece a força
espiritual e faz as pessoas presa fácil às tentações.
"Assim, todo aquele
que ouve as minhas palavras e as põe em prática será semelhante a um homem
ajuizado, que constrói sua casa sobre a rocha. Cai a chuva, correm as
enxurradas, sopram os ventos que se lançam contra essa casa. mas ela não
desaba, porque está construída sobre a rocha. Mas todo aquele que ouve as
minhas palavras e não as põe em prática será semelhante a um tolo, que constrói
sua casa sobre a areia. Cai a chuva correm as enxurradas, sopram os ventos que
se lançam contra essa casa, e ela desaba: é um destruição total! Quando Jesus
acabou estes discursos, a multidão estava tomada de admiração pelo seu modo de
ensinar. Porque a ensinava como detentor de autoridade própria e não como os
mestres da lei"
(Mateus 7:24-29).
A
comparação da vida com a casa foi facilmente entendida pelo povo que vivia na
Terra Santa. Esse país na sua maior parte é montanhoso. Uma chuva torrencial e
repentina enche rios secos com rápidas torrentes de água que descem os vales
carregando tudo pelo caminho. Nenhuma construção colocada no caminho das
torrentes suporta a pressão da água, principalmente se a casa for construída em
cima de areia. Por isso que pessoas de bom senso sempre constroem suas casas em
cima de rochas e suficientemente altos para não serem inundadas.
Várias
tempestades são inevitáveis na vida de uma pessoa. Podem ser incêndios,
terremotos, guerras, perseguição, doenças incuráveis, morte de ente querido e
outros desastres que acontecem inesperadamente e alteram o curso da vida de uma
pessoa. Em um instante tudo poderá estar perdido - saúde, família, felicidade,
prosperidade ou paz de espírito. Em tal condição, a queda se manifestará em
perda de fé, desespero e queixa contra Deus.
As
tempestades interiores que podem ser mais perigosas que as tempestades físicas,
também são inevitáveis, por exemplo: paixões furiosas, grandes tentações,
dúvidas torturantes sobre assuntos de fé, ataques de raiva, ciúme, inveja,
medo, etc. Neste caso a queda está no render-se à tentação, renunciando Deus e
a fé ou desobedecendo a voz de sua consciência em algum aspecto. Essas crises
interiores não são apenas conseqüências de desfavoráveis circunstâncias de
vida, mas também resultados de ações de pessoas más ou de maus espíritos que de
acordo com as palavras de um apóstolo, "Sede sóbrios! Vigiai! Vosso
adversário, o Diabo, ronda qual leão a rugir, buscando a quem devorar" (1
Pedro 5:8).
Nota: No dia de nossa morte deveremos passar pela
última provação. Como descrito nas vidas de santos, quando a alma se separa do
corpo o outro mundo se abre à sua vista, e ela poderá ver os espíritos
superiores e também os maus espíritos. Os maus espíritos procuram transtornar a
alma da pessoa mostrando a ela os pecados cometidos quando em vida terrena.
Tentando persuadir que não existe salvação para ela. Ao fazer isso eles tentam
levar a alma ao desespero e arrastá-la ao abismo. Mas o Anjo da Guarda protege
a alma dos maus espíritos e traz confiança e esperança para a misericórdia de
Deus. Se a pessoa viveu em pecado e sem fé, os maus espíritos se apoderam da
alma. Talvez esta seja a provação de que fala o apóstolo Paulo quando ele
sugere que os cristãos devam revestir-se das armaduras da retidão para resistir
os espíritos malignos dos ares no dia mau e depois
de tudo superar, continuar de pé (Efésios 6:12-13). A armadura da retidão são
as virtudes da pessoa e o dia mau é tempo da grande tentação depois que
a alma deixa o corpo. Depois de ser transportada fora do céu, os maus espíritos
pairam entre o céu e a terra e colocam obstáculos no caminho da alma que se
dirige ao trono de Deus. Somente depois do Juízo Final os demônios serão
confinados finalmente ao abismo.
Quem
poderá ser calmo e feliz num meio de tanta inconstância de assuntos terrenos?
São aquelas pessoas que estão com Cristo e em Cristo. Pessoas
que vivem em obediência às leis de Cristo, fincados numa rocha sólida e
protegidos das tempestades. Possuindo fé e amor a Deus elas não devem temer
porque o Senhor não permitirá um verdadeiro fiel que seja testado mais do que
ele pode suportar (1 Coríntios 10:13). Mas quem não segue os mandamentos de
Cristo não consegue suportar quando confrontado com difíceis provações. É
provável que ela se afogue no desespero e a sua queda será a sua destruição e
um alerta para os outros. Ao observar isso um antigo sábio escreveu:
"Passa a tormenta: o mau desaparece, mas o justo permanece firme para
sempre" (Provérbios 10:25).
O
Senhor assegura os justos: " Jamais te atingirá desgraça alguma, nem
chegará o mal, à tua casa. Pois a seus anjos Deus ordenará em teus caminhos
todos te guardarem. Nas suas próprias mãos hão de levar-te para que em pedra
alguma tu tropeces. Sobre a serpente e a víbora andarás, o leão e o dragão hás
de esmagar. " (Salmo 91:11).
Conclusão
Assim,
em Seu Sermão
da Montanha, o Salvador nos dá instruções vivas e compreensíveis sobre como se
tornar justo e construirmos dentro de cada um de nós a harmoniosa e
magnificente casa da perfeição espiritual.
Resumindo
os conselhos de Deus, o Salvador nos ensina como colocar a Sua vontade
em primeiro lugar, ensina a direcionar todos os nossos atos à gloria de Deus,
procurar imitar a perfeição de Deus e ter uma poderosa confiança de que Ele nos
ama e sempre se preocupa conosco.
Com
relação aos outros, o Senhor ensina que devemos perdoar os nossos ofensores,
sermos misericordiosos, compassivos e procurando a paz, tratar os outros como
gostaríamos de ser tratados, amar os outros, inclusive nossos inimigos, não
procurarmos vingança, não condenarmos ninguém, mas ao mesmo tempo nós nos
precavermos de "cães," especialmente os falsos profetas.
Com
relação às nossas aspirações interiores, o Senhor nos ensina a sermos humildes
e afáveis, evitar a hipocrisia e dupla personalidade, desenvolver nossas boas
qualidades, empenharmo-nos para a retidão, sermos constantes em boas ações,
laboriosos, pacientes e corajosos, guardar nossos corações na pureza e aceitar
sofrimentos por Cristo e Sua Verdade com alegria. Todo o esforço espiritual de
um homem não é inútil: esse esforço torna-o firme e forte durante as tempestades
da vida e prepara para ele a eterna recompensa no céu.
fonte: (sermão_montanha.doc)
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